PENSANDO EM BEIJOS


Se eu pudesse alcançar o céu,
eu satisfazia o meu desejo
de sacudir duas estrelitas com um beijo...
Se eu tivesse tido a sorte
de ter vivido nos tempos da magia,
eu teria beijado a “Boca da Noite”,
bem muito, com demasia,
embora recebesse um açoite.
Se eu fosse alpinista,
subiria as alturas
sem parar, sem parar,
para o “Dedo de Deus” beijar...
Eu beijaria se encontrasse
em noites de luar,
os cabelos da sereia.
Eu beijaria a fria e fina areia do mar.
Eu beijaria até o “Cabeça de Cuia”,
que a lenda explora,
porque beijar é tudo que minha alma adora...
Beijo é carinho,
saber beijar é arte,
beijar quem está perto,
beijar quem vem,
beijar quem parte.
Eu beijo o sol porque ele é quente,
eu beijo a lua porque é bela,
o sol me torna uma brasa ardente,
enquanto a lua a minha boca gela...
Beijar a vida inteira, sem contar as vezes,
beijar de mansinho,
beijar com violência,
“pois nada se parece tanto com a inocência
como a imprudência”...
Eu beijo tudo,
o luar, o mar,
um rosto, o gosto de beijar,
o vento e o pensamento,
pois nada é nada sem um beijo,
e eu gostaria de beijar o próprio beijo...


Gerson Campos / Recife, 10/05/69

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