DÚVIDA

As estrelas dos postes de cimento,
enchendo de clarão toda a cidade,
são mil círios velando o meu tormento
num velório de angústia e ansiedade.

Para que tanta luz e encantamento
se estou só? - Se para mim a claridade
mais claro me faz ver o desalento
da face amargurada da saudade?

Quero vê-la e não posso - Coisa incrível
se amar uma pessoa tanto assim,
notando que este amor é impossível...

Meu delírio é sentir que não tem fim,
a dúvida fatal, cruel, horrível,
de saber se ela gosta ou não de mim.

Gerson Campos / Oeiras - 19/ 07/ 72

(Este soneto, publicado no jornal "O Cometa"
Edição de Fevereiro/73, foi entregue na redação
pelo poeta poucas horas antes do seu repentino 
falecimento.)

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